O Google homenageou em Julho de 2020 a francesa Jeanne Baret, que se tornou a primeira mulher a circum-navegar o mundo durante o século 18. Nascida em 27 de Julho de 1740, a personagem histórica foi representada em um Doodle nessa última segunda feira, quando completaria 280 anos.
A francesa foi a primeira mulher a fazer parte de uma expedição que deu a volta ao redor do mundo, em 1766, onde coletou mais de 6 mil espécies de plantas. Durante sua expedição pelo Brasil, ela batizou as flores que hoje são conhecidas como “bogainvilleas” – ou buganvílias.
A ilustração mostra a exploradora a bordo de um navio e olhando para o horizonte, cercada por bogainvilleas cor-de-rosa. Na parte de baixo da imagem, a palavra “Google” possui dois mapas náuticos representando as duas letras “O”.
“Comecei reunindo referências que poderiam ser inspiradoras – mapas náuticos da década de 1760, amostras botânicas, ilustrações feitas anteriormente por Jeanne Baret. Eu queria que o Doodle combinasse os lados botânico e aventureiro dela. Ser a primeira mulher a circunavegar o globo não é pouca coisa” declara a criadora do Doodle, Sophie Diao, em entrevista para o Google.
As Bougainvilleas inspiraram muito a ilustradora durante a confecção da imagem. “Jeanne Baret coletou uma amostra desta flor quando estava viajando no Brasil. Eu sempre amei esta planta e definitivamente queria incluí-la“.
História de Jeanne Baret
Jeanne Baret nasceu em Autun, na região central da França. Ela teve uma infância pobre e não se sabe como aprendeu a ler. Por ter crescido em um ambiente rual, Baret se tornou adepta a descobrir e identificar plantas. Com cerca de 20 anos, em meados de 1760, seus pais faleceram e ela tornou-se empregada e cuidadora do famoso botânico Philibert Commerson – com quem se casou.
Cinco anos depois, Commerson foi chamado para participar da primeira circunavegação francesa como botânico da equipe. No entanto, as leis francesas da época não permitiam mulheres em expedições marítimas, por isso Jeanne, com o apoio do marido, se disfarçou de homem para acompanha-lo nas expedições realizadas a bordo do navio Étoile – ou “Estrela” em português.
Durante a viagem, a dupla coletou e categorizou mais de 6 mil plantas, incluindo a flor “Bougainvillea” no território brasileiro. Baret teve grande atuação na investigação e análise científicas da expedição. Seu marido desenvolveu uma infecção na perna durante a viagem e ficou impossibilitado de sair do navio para coletar amostras. Então a exploradora recolheu, analisou e levou diversas amostras para a embarcação para que seu marido também pudesse estudá-las.
No Taiti, a verdadeira identidade de Baret foi descoberta. Ela foi acusada e atacada durante todo o restante da expedição, e o casal foi deixado nas Ilhas Maurício. Lá, ela e o marido permaneceram por anos com a ajuda de um governador local.
Commerson faleceu em 1773 e Baret começou a trabalhar para o governo, onde conheceu Jean Dubernat, um oficial do Exército Francês com quem se casou um ano depois. Ao retornar para a França, ela foi reconhecida como a primeira mulher a dar a volta ao mundo por circunavegação.
Jeanne Baret faleceu em 1807, com 67 anos e sem ser reconhecida em vida. Sua história só foi conhecida graças à estudos da expedição e dos diários de Commerson. No ano de 2012, após 205 anos de sua morte, ela foi honrada pela comunidade botânica, que colocou seu nome em uma espécie de planta recém-descoberta. A planta do gênero Solanum – que inclui batatas, tomates e berinjelas – teve a espécie nomeada de baretiae em homenagem à francesa.
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